sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

OBESIDADE INFANTIL: ECA NELES




Uma das aplicações coerentes da padronização dos valores de normalidade da relação peso x altura da criança seria a resolução precoce do cada vez mais grave problema da obesidade infantil – se tivéssemos realmente vontade de aplicar o Estatuto da Criança e do Adolescente os profissionais da saúde deveriam notificar os Conselhos Tutelares para que providências fossem tomadas – condenar uma criança á obesidade é um crime no mínimo de omissão da família e da sociedade.
Por que condenamos muitas das nossas crianças a uma obesidade permanente? – Sim, jamais haverá remédio mágico para parar de usar droga, fumar, beber e comer – colocar a culpa no DNA é uma piada; a quase totalidade dos casos tem origem no DNA cultural: falta de educação.
Para as crianças e os jovens da atualidade a gravidade do distúrbio aumenta com o estresse crônico; a que as crianças estão submetidas na chamada vida moderna – com isso, a produção de cortisol dispara e a criança passa a depositar gordura abaixo da linha da cintura, no quadril, coxas e fígado. Antes, a família descuidava e a criança engordava; mas no estirão da puberdade a natureza dava um jeito e o biótipo não era alterado; mas hoje boa parte dos adolescentes montou um estilo de corpo que parece uma berinjela ou uma pêra – para o resto da vida da maioria que não terá respaldo da família, sociedade nem força da vontade para reciclar drasticamente seus hábitos de dieta.

Esse comportamento é típico para todas as doenças; pois na cultura moderna, a saúde não tem valor algum até que seja perdida; daí em diante passa a ser uma das metas de vida.
É uma falta de educação chocante que muitos ainda adoeçam ou morram de fome sem acesso ao alimento; em contrapartida, como a vida humana é cheia de paradoxos, um importante fator causal de doenças e morte precoce é o excesso ou o consumo de alimentos inadequados para aquela pessoa.
Dizem que o pior cego é aquele que não quer ver. Como todos os ditados da sabedoria popular esse serve para nosso tema. Temos a chance de observar ao longo da vida muitas famílias com mais de um filho: um deles enche os pais de orgulho quanto ao comer. É o que eles chamam de “lima nova” ou “bom de boca”; traça tudo que aparece na frente, no entanto é um assíduo freqüentador de consultórios médicos para tratar: gripes de repetição, aumento ou inflamações de repetição das amígdalas, crises de rinite, sinusite, urticária, e todo tipo de alergia. Já o outro filho é tratado como um foco de problemas um verdadeiro desastre, porque “não come nada”, está abaixo do peso padrão para a idade, etc. Embora para compensar, tenha uma “saúde de ferro”, pois quase nunca fica doente. A obesidade, ainda que não seja mórbida; pode ser considerada uma doença; e como as outras; para ser construída exige que vários fatores se combinem; é como fazer um bolo: são necessários vários ingredientes, só com farinha não é possível.
Que a dieta tem um peso considerável na origem de boa parte das doenças é indiscutível. Come-se em excesso; usamos alimentos que não se ajustam às nossas necessidades orgânicas; e a tecnologia de alimentos trouxe consigo mais uma série de problemas: envenenamento da agricultura, excesso de produtos químicos no preparo e na conservação de alimentos industrializados, e o uso abusivo de alimentos refinados.

No tipo de cultura que vivemos as pessoas apenas conseguem relacionar doenças a fatos escabrosos da dieta.
Quando o sujeito se empanturra, vomitando, apresentando dor de estômago, diarréia; na ingestão de alimentos contaminados ou infectados; relacionam a dieta a doenças bem trabalhadas pela mídia como o consumo de açúcar e o diabetes, a ingestão de gorduras com a elevação do colesterol, o consumo exagerado de sal com a hipertensão, etc.

DNA cultural:
No processo crônico a constante repetição tende a fixar padrões subconscientes de hábitos; comemos várias vezes num dia, e todos os dias, ingerimos uma quantidade inadequada a mais ou a menos de nutrientes mal distribuídos nas várias categorias de alimentos; e, além disso, “envenenados”. Essa falta de planejamento alimentar gera uma agressão continuada ao corpo físico que desemboca em algo doentio. Provavelmente as crianças obesas de hoje viverão menos que seus obesos familiares.

Ta aí uma boa “cause”:
“Reciclagem educacional para os pais de crianças obesas”.

Como nós desenvolvemos nossas capacidades latentes mais sob pressão do que por opção; será bem vinda qualquer legislação que eduque os adultos; mesmo que seja sob penalização; pois a cada dia que passa os problemas de saúde aumentam e se sofisticam de forma muito rápida. Se as pessoas se recusam a pensar; uma mãozinha é sempre bem vinda.
Claro que afeta também a saúde psicológica; parece incrível, mas os adultos se encarregam de impedir que a criança ultrapasse a barreira da fase oral e torne uma natural necessidade, a de alimentar-se, num mortal vício.

Pais de crianças obesas: ECA NELES.

Namastê.

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